Todas histórias aqui escritas circulam pela internet, normalmente por correio eletrônico, e que aparecem aqui e ali, com alguns detalhes alterados, de tal forma que não é possível determinar se algumas são autênticas ou não. O certo é que, verdadeiras ou não, todas elas emocionam, edificam e, principalmente, deixam uma lição que pode ser de grande ajuda, especialmente em momentos críticos.

23 de agosto de 2013

Como se chama um poema?


Escrevo para desaparecer 
Sob as frestas 
Da floresta insone; 
Através do labirinto 
Pop-cultural 
Onde, mais que a obra,
 O que sobra 
(E se pretende imortal)
 É o nome. 
Escrevo sobre a folha, poemas:
 Papel e caneta 
Matam minha fome.
 Os fonemas 
São amigos argutos, 
Vestidos de onomatopéias: 
Não são Césares 
Ou Brutus, 
Nem heróis de falsas odisséias. 
Escrevo para o mundo real 
Uma fábula sem importância: 
Quero desafiar, desmontar o banal 
Dessa gente fake 
E sem substância. 
Escrevo 
Para quebrar 
O espelho vazio, 
Esse frágil 
“Liame com o mundo”. 
Às vezes Sou como cão no cio; 
Minha poesia é a dama 
Beijando o vagabundo. 
O poema me chama
 Mas, como se chama 
O poema? 
Nesse teorema 
Não quero luzes 
Nem cruzes 
Na batalha da escrita: 
Que ninguém tema 
Minha certeira bala, 
Atingindo outra alma aflita. 
O poema grita 
Quando alguém o cala,
 E fala alto 
Quando se irrita. 
Reflita: 
Escrevo 
Para ”suscitar liberdades”;
 Nada que digo 
Cabe em mim 
E nunca sei 
Se há mentira ou verdade 
Tranqüilidade ou perigo 
No começo do meu fim.
 Escrevo para atravessar 
A linha tênue 
Que separa 
O espetáculo
 Do espetacular. 
Palavra por palavra 
O poema é receptáculo 
Daquilo que quero falar. 
Tento especular, 
Mas diante
 Da linha do tempo,
 Lentamente 
Minha poesia dá ré,
 Até Ré – começar. 

 Augusto Dias
 'O Teatro Mágico'